Instrumentation

Screenshot 2020-06-08 at 16.14.51EN | Instrumentation evolved from a series of studio experiments inspired by the basic physical ‘magic’ of resonance as it reveals itself in our structures, systems and machines. All things have a natural resonant frequency. This intriguing idea suggests a baseline connection between just about everything, but this project will keep to the physical for now. Vehicles vibrate intensely when reaching certain resonant speeds on the highway. Our bodies have resonant frequencies. As does the stapler on your desk, as do skyscrapers, bridges, tectonic plates…

This elusive ‘magic’ is a worthwhile reminder that we are subject to material laws that are fundamentally mysterious and outside of our absolute command. We are not in total control in a digital-technocratic world where total control seems to be a goal.

In this installation, the surface of a large work-table serves as an acoustic transducer for several electromagnetically activated piano wires, and as the main staging area for an ensemble of machine performers. The exhibition set-up preserves the make-shift feel of the in-studio experimentation from which it originates: much of the work is constructed on site, improvised from a limited palette of common tools and readily available materials.

Oscillator circuits driving electromagnetic coils create rapidly pulsing fields that attract and repel the steel strings. Fascinating sounds occur as the frequencies of these vibrations approach the natural resonant points of the tensioned wires. The subtle modulation of these frequencies and resonant points produces surprising results: shifting and shimmering harmonics, sudden crescendos and alternating rhythmic beat frequencies. The assembly becomes a kind of instrument and a collection of robotic devices step in as the players.

Each machine hypnotically repeats a simple task, operating independently at its own lethargic pace, but simultaneously alongside its cohorts. In so doing, various elements of the set are manipulated: animated mechanisms manoeuvre weights, adding tension to the wires and altering their resonant characteristics; the frequency of photosensitive oscillator circuitry responds to ambient lighting, regulated by motorized dimmer devices and automated shutters. These actions combine for a cumulative aural complexity that is subtly unpredictable and in continuous slow, fluctuation.

By letting machines run the show, the goal is to open up a temporary space for contemplation of the forces at work in the environment around us. Connecting the visible and physical attributes of mass and light to the sonic intangibility of resonance is an exploration of the fundamental properties of the stuff the world is made of.

PT | Instrumentation evoluiu a partir de uma série de experiências de estúdio inspiradas pela “magia” física básica da ressonância tal como esta se revela nas nossas estruturas, sistemas e máquinas. Todas as coisas têm uma frequência de ressonância natural. Esta ideia intrigante sugere uma ligação de base entre todas as coisas, mas este projeto foca-se, por enquanto, na sua componente física.  Os veículos vibram intensamente quando alcançam determinadas velocidades de ressonância na autoestrada. Os nossos corpos têm frequências de ressonância. O mesmo acontece com o agrafador na nossa secretária, os arranha-céus, as pontes, as placas tectónicas…

Esta “magia” inapreensível relembra-nos com toda a justiça que nos encontramos sujeitos a leis materiais que são, na sua essência, misteriosas e sobre as quais não exercemos qualquer tipo de controlo. Não detemos todo o controlo num mundo digital-tecnocrata onde o controlo total parece ser um objetivo.

Nesta instalação, a superfície de uma grande mesa de trabalho serve de transdutor acústico para várias cordas de piano activadas eletromagneticamente, bem como de principal área de encenação para um conjunto de atores-máquina. A forma como a exposição é apresentada permite preservar a sensação de provisoriedade da experimentação em estúdio a partir da qual ela é originada: grande parte da obra é construída no local, improvisada a partir de uma paleta limitada de ferramentas comuns e materiais fáceis de encontrar.

Circuitos osciladores acionam bobinas eletromagnéticas, criando campos que vibram rapidamente e atraem e repelem cordas de aço. Ocorrem sons fascinantes à medida que as frequências dessas vibrações se aproximam dos pontos de ressonância naturais das cordas em tensão. A modulação subtil destas frequências e pontos de ressonância produz resultados surpreendentes: harmónicos inconstantes e tremeluzentes, crescendos súbitos e frequências de compassos rítmicos em alternância. A unidade torna-se numa espécie de instrumento e um grupo de dispositivos robotizados entra em cena como executantes.

Cada máquina repete hipnoticamente uma tarefa simples, agindo de forma independente, ao seu próprio ritmo letárgico, mas ao mesmo tempo acompanhando o grupo. Neste processo, vários elementos do conjunto são manipulados: mecanismos animados manobram pesos, adicionando tensão às cordas e alterando as suas caraterísticas de ressonância; a frequência do circuito de osciladores fotossensíveis reage à iluminação ambiente, controlada por reguladores da intensidade de luz motorizados e obturadores automatizados. Estas ações combinam-se de forma a criar uma complexidade auditiva acumulativa que é subtilmente imprevisível e flutua de forma lenta e contínua.

Ao deixar as máquinas gerir o espetáculo, o objetivo é criar um espaço temporário para a contemplação das forças que agem sobre o ambiente à nossa volta. Combinar os atributos físicos e visíveis da massa e da luz com a intangibilidade sónica da ressonância consiste numa exploração das propriedades fundamentais da essência das coisas.

Video: Instrumentation

 

Peter Flemming

EN | Active for over a dozen years, Peter Flemming is a folk machinery artist, doing electronics handcraft ‘by ear,’ tinkering intensively and intuitively in the studio. Recent work has been an ongoing series of experiments about sound and resonance. Past work has included lazy machines, solar powered artwork and hypnotically repetitive automata.

He has exhibited extensively worldwide and been the recipient of numerous grants and awards. A graduate of the Ontario College of Art (1997) and the Nova Scotia College of Art and Design (MFA, 2001), he currently lives and works in Montreal, where he teaches electronics for artists at Concordia University.

PT | No activo há mais de doze anos, Peter Flemming é um artista de maquinaria tradicional, produzindo artesanato electrónico “de ouvido”, laborando intensa e intuitivamente no seu estúdio. Recentemente, o artista tem-se dedicado a uma série contínua de experiências sobre o som e a ressonância. As obras mais antigas incluem máquinas ociosas, obras de arte alimentadas a energia solar e autómatos hipnoticamente repetitivos. Já expôs as suas obras por todo o mundo e recebeu inúmeras bolsas e prémios. O artista, com uma licenciatura pelo Ontario College of Art (1997) e mestrado pelo Nova Scotia College of Art and Design (2001), vive e trabalha actualmente em Montreal, onde lecciona electrónica para artistas na Universidade de Concordia.

 

Artist Statement

EN | “I look at what I make as the electro-mechanical equivalents of short stories. Naturally, every good story needs some tension to keep it going. In my machinic ‘texts,’ I try to create tension by intermixing different systems. Organic ones blend with technological ones, the old with the new, and the handmade with the machine-made. And rather than words, sentences and paragraphs, I use bolts, batteries, metal, and custom electronics.

Mistakes and accidents frequently shape the course of my artwork. They typically occur when I have met some kind of technical or financial limitation, or some material quirk asserts itself contrary to my aims. After much hair pulling, occasionally I realize that the unintended behaviour is interesting in itself. I drop the original goal and pick up a new path, letting it lead me along instead of trying to bend it to suit pre-determined criteria. Knowing how to read these hidden signposts as they reveal themselves is a crucial part of my process.”

PT | “Vejo aquilo que faço como os equivalentes eletro-mecânicos de contos. Naturalmente, qualquer boa história necessita de alguma tensão que a faça progredir. Nos meus “textos” maquínicos eu tento criar tensão através da mistura de diferentes sistemas. Os sistemas orgânicos misturam-se com os tecnológicos, os antigos com os novos, e os manufacturados com os feitos à máquina. Em vez de palavras, frases e parágrafos, uso parafusos, baterias, metal e aparelhos eletrónicos feitos à minha medida.

As minhas obras são frequentemente desenvolvidas a partir de enganos e acidentes. Geralmente, estes ocorrem quando me deparo com algum tipo de limitação técnica ou financeira ou quando algum capricho material se impõe contra os meus objectivos. Depois de puxar muitos cabelos, acabo por perceber às vezes que o comportamento não intencional é, por si só, interessante. Então, coloco o objectivo original de lado e determino um novo caminho, deixando-o guiar-me em vez de tentar moldá-lo de acordo com critérios pré-determinados. Saber como ler estes sinais escondidos quando eles se revelam é uma parte crucial do meu processo.”

 

Please see www.peterflemming.ca for more information.